quarta-feira, 2 de março de 2011
Eu sou...
(Arnholdt)
Eu sou lúcida na minha loucura, permanente na minha inconstância,
inquieta na minha comodidade. Pinto a realidade com alguns sonhos,
e transformo alguns sonhos em cenas reais.
Amo mais do que posso e, por medo,
sempre menos do que sou capaz.
Busco pelo prazer da paisagem.
Quando me entrego, me atiro.
Não entendo de economizar.
Nem de energia.
Não acredito em duendes, bruxas, fadas ou feitiços.
Mas, rezo pra algum anjo de plantão.
Quando é impossível, debocho.
Quando é permitido, duvido.
Penso mais do que falo.
Gosto de cara lavada,
exceto por um traço preto no olhar ,
gosto de pés descalços e sinto falta de uma tatuagem no lado esquerdo das costas.
Mas há uma mulher em algum lugar em mim que usa caros perfumes,
sedas importadas e brilho no olhar,
quando se traveste em sedução.
Se você perceber qualquer tipo de constrangimento,
não repare, sofro de timidez.
E note bem: não sou agressiva, mas defensiva.
Impaciente onde você vê ousadia.
Falta de coragem onde você pensa que é sensatez.
Mas mesmo assim, sempre pinta um momento
qualquer em que eu esqueço todos os conselhos
e sigo por caminhos escuros.
Estranhos desertos.
E, ignorando todas as regras, todas as armadilhas dessa vida urbana.
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